Serra Malagueta

Meu nome é Juvina Borges Tavares e sou presidente da associação cultural Serra Malagueta. Tive dois maridos, o primeiro saiu da comunidade seis meses depois do nosso casamento. Na altura, tal como hoje, muitos jovens partem para Portugal, ele não regressou. O segundo já se foi há vinte e dois anos. Tenho meus filhos, meus animais e minhas plantas. Na Serra Malagueta somos todos agricultores, o solo é muito fértil e a vegetação é densa. Temos bananeiras, mamões, mangas, maracujás e goiabeiras. Trabalhando você consegue de tudo como batata doce e batata inglesa, mandioca, abóbora e cenoura, abobrinha e feijão. Desde que nos mudamos para perto da estrada ficou muito mais fácil vender as plantas que cultivo, às quais me dedico como vocês podem ver aqui, em casa, agora estou velha e não desço mais para cuidar dos animais e os campos.

Em casa eu tenho o marmulano, que serve para fazer pomadas para tratar queimaduras, que é difícil de cultivar. A planta é muito frágil quando pequena, tem que ter cuidado com o que você coloca perto dela. Aqui tenho o tortolho, que tem propriedades anti-inflamatórias, e a língua de vaca, que faz bem para dormir e tratar gripes. Com as raízes da purgueira, obtém-se um óleo com o qual se cura o reumatismo, massageiam os recém-nascidos e alivia dor do parto. O dragoeiro? É uma árvore endêmica, na Serra Malagueta temos árvores muito altas, algumas chegam a vinte metros. Ela cresce lentamente e as mais antigas têm mil anos. Aqui sabemos como obter um soro curativo, o sangue de dragão. A resina vermelha dos ramos cura gripe, febre, reumatismo.