Mato Dentro

Meu nome é Rudilson Manuel Gomes e sou fabricante de grogue. É um destilado obtido do mosto fermentado da cana-de-açúcar, que é colhido quando a cana está em flor. Eu trabalho junto com meu tio. Antigamente, e alguns ainda o fazem, as canas eram espremidas graças à força dos bois, que, girando os rolos, movimentavam o trapiche até sair o caldo e depois iam parar no alambique. Hoje não precisamos de bois aqui, usamos máquinas elétricas e, aos poucos, vamos ampliando a produção. Eu vou te contar o processo.

Primeiro inserimos o barril nos rolos, o kalda (suco) flui para o tanque. É fermentado em barricas de madeira durante cerca de cinco dias e depois despejado no alambique de cobre, o lambiki, sobre o forno de pedra que abastecemos com cana e folhas de bananeira: a destilação dura cerca de trinta minutos, uma hora no máximo. Meu tio e eu pretendemos, no ano que vem, vender Grogu envelhecido também, não só o clássico. Orgulhamo-nos de produzir uma bebida tão típica e tradicional como esta, e de poder fazê-lo na e para a nossa comunidade ainda mais. Contar a história de uma cultura também significa isso, degustar os seus produtos típicos, tal como o nosso Grogu.